Rio - Computadores, celulares, televisores e uma infinidade de aparelhos são fabricados diariamente e, também, descartados. Estima-se que 50 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos com metais pesados são jogadas fora por ano em todo o planeta.
 
E o que fazer com esse lixo, que causa grande impacto ambiental? Uma saída é reciclar. No Rio, a Fábrica Verde, com unidades em favelas pacificadas, transforma lixo eletrônico em inclusão digital, gerando renda e emprego.
O lixo eletrônico ameaça o meio ambiente e a saúde. Ele contém peças com chumbo, cádmio, mercúrio, cobre e alumínio berílio, entre outros metais perigosos. Para piorar, países pobres são o destino de 80% do material descartado por nações ricas, segundo a Organização Internacional do Trabalho.
Na Fábrica Verde (já no Alemão e na Rocinha e, a partir deste mês, no Salgueiro), a cada três computadores doados pela população e por empresas, os alunos (120 por trimestre) montam uma máquina. Geralmente, ela é enviada a telecentros comunitários, igrejas, creches, ONGs e instituições sem fins lucrativos. Durante o curso, os alunos recebem bolsa de R$ 120, e cada monitor, R$ 600.
Ingrid Gerolimich, superintendente de Território e Cidadania da Secretaria de Estado do Ambiente, diz que a Fábrica Verde é uma forma de preservar o ambiente e fazer inclusão social: “Os elementos tóxicos do lixo eletrônico poluem os lençóis freáticos, contaminando plantas, animais e humanos. Esses equipamentos têm grande quantidade de plástico e vidro que demoram anos para se decompor”.
“Ensinamos cidadania”
Desde a sua inauguração em 2011, a Fábrica Verde do Alemão produziu cerca de 900 computadores a partir de lixo eletrônico, informa Rosana Sales, coordenadora da unidade.
E produzirá ainda mais. Hoje, o lixo eletrônico cresce três vezes mais que o convencional, principalmente nos países emergentes. “Mais que aprender a montar máquinas, os jovens aprendem educação ambiental, cidadania e empreendedorismo”, comenta Rosana.
Equipamentos são doados
O custo médio de cada Fábrica Verde é de R$ 700 mil por ano, e o programa recebe lixo eletrônico doado por instituições públicas, privadas e pessoas físicas. O material não aproveitado é encaminhado para um empresa que faz o descarte ecologicamente correto das peças.
Além de computadores, a Fábrica Verde recebe televisores, teclados, aparelhos de DVD e videocassete, rádios, celulares etc. Mais informações no site: www.stcambiente.com.
Reportagem de Antônio Marinho