sexta-feira, 20 de julho de 2012

Meio Ambiente: parceria deve transferir até R$ 3 mi para projetos de conservação

Na semana passada, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGBPN) e a Fundação Araucária lançaram em conjunto uma chamada para selecionar projetos de instituições paranaenses que contribuam para a conservação da natureza no Paraná e áreas limítrofes, priorizando-se as regiões de matas com araucárias (Floresta Ombrófila Mista) e o Lagamar, no litoral do Estado.
A chamada prevê auxílio financeiro de R$ 600 mil por ano e tem um prazo inicial de duração de cinco anos, totalizando R$ 3 milhões destinados a incentivar a conservação, podendo ser prorrogado e incrementado. Com a primeira chamada, espera-se selecionar projetos com resultados práticos para a conservação, com duração de 1 a 3 anos.
De acordo com a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza Malu Nunes, o edital busca priorizar ações para promover a proteção de um dos biomas mais ameaçados do Brasil. “O ecossistema das Florestas com Araucárias é um dos mais ameaçados de extinção, com menos de 1% da mata nativa em bom estado de conservação no Paraná, por isso a grande preocupação em promover ações que contribuam para este tipo de floresta”, explica.
Também devem ser priorizadas ações que envolvam a melhoria da implementação e gestão das unidades de conservação de proteção integral existentes nas respectivas regiões.
Para o presidente da Fundação Araucária, Paulo Roberto Brofman, “a parceria é muito importante para manter conservadas as poucas áreas remanescentes destes biomas no Estado”. Brofman espera que entidades públicas como prefeituras, o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) sejam parceiros relevantes e fomentem o encaminhamento de projetos.
O lançamento desta Chamada também contribuirá para o projeto 446-MA Corredor das Araucárias, do qual a Fundação Grupo Boticário participa como integrante do consórcio de instituições executoras. Financiado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA/PDA) e coordenado pela SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), o projeto tem 0 objetivo de estabelecer o Corredor Ecológico como unidade de planejamento territorial, para criar oportunidades de conservação e utilização sustentável dos recursos naturais da floresta com araucária.
Inscrições
As inscrições vão até o dia 31 de agosto e devem ser feitas diretamente nas páginas eletrônicas das instituições: www.fundacaogrupoboticario.org.br ou http://www.fundacaoaraucaria.org.br
Podem se inscrever instituições públicas e privadas sem fins lucrativos, com endereço de CNPJ no Paraná. Por questões de regulamentos internos, as instituições privadas deverão enviar suas propostas via formulário da Fundação Grupo Boticário. As instituições de ensino superior públicas ou privadas ou instituições de pesquisa deverão enviar suas propostas via formulário da Fundação Araucária.
O Lagamar e a Floresta com Araucárias
O Lagamar é uma parte da faixa costeira brasileira que se estende pelos litorais do Paraná e sul de São Paulo. Esta área é definida como prioritária para a conservação, por ser considerada o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil e um dos maiores berçários de vida marinha no mundo.
A Floresta com Araucárias (Floresta Ombrófila Mista) é um dos ecossistemas mais ameaçados do Bioma Mata Atlântica que, por sua vez, é o mais ameaçado do Brasil.
No Paraná, originalmente a Floresta com Araucárias ocupava 8 milhões de hectares, o equivalente a 49,8% do estado. Hoje, restam menos de 60 mil hectares (0,8%) em bom estado de conservação e seus maiores remanescentes se localizam nas regiões de Guarapuava, União da Vitória e Palmas, no Centro Sul do Paraná, onde formam corredores, conforme estudo realizado em 2001, pela Fundação de Pesquisas Florestais, da Universidade Federal do Paraná.
Para os campos naturais associados, a situação é ainda mais crítica, uma vez que o Ministério do Meio Ambiente (2000) admitia que, no Paraná, remanescentes em estágio avançado de sucessão não passavam de 0,24% em relação à área original.
De forma geral, os remanescentes naturais da região da Floresta com Araucárias encontram-se fragmentados e dispersos, o que contribui para diminuir a variabilidade genética das espécies que a compõem, colocando-as sob efetivo risco de extinção. E, apesar dessa situação, as ameaças continuam. A situação é agravada pela exploração ilegal de madeira e pela conversão dos ambientes naturais em áreas agrícolas e reflorestamento de espécies exóticas, aumentando ainda mais o isolamento e insularização dos remanescentes.

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