quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A nova arquitetura verde

Eduardo Bielsa



O arquiteto argentino Emilio Ambasz no Museu Rainha Sofia, em Madri. EFE/Mondelo

A aposta na ecologia está na ordem do dia. O movimento verde já impregnou a arquitetura, para que ela tenha um futuro dentro da sustentabilidade.

Três nomes são exemplos desta tendência. Nader Khalili, Emilio Ambasz y Michael Reynolds foram pioneiros na pesquisa e desenvolvimento de modelos de construção que protegem o meio ambiente.

Apesar da falsa ideia de que uma construção verde é mais cara, tornar uma edificação sustentável pode significar economia de energia e água, e por isso o custo maior inicial é compensando com o tempo pela redução das tarifas de consumo.

O tratamento de resíduos e outras práticas sustentáveis, como a reciclagem, têm por objetivo construir um imóvel com custo zero para o meio ambiente e graças à arquitetura proteger o entorno.

ADEUS AO TIJOLO

As "earthships" são casas fabricadas a partir de material reciclado planejadas pelo arquiteto Michael Reynolds, que enxergou no lixo uma oportunidade de futuro e apostou na autosuficiência na arquitetura.

Elas são um tipo de construção arquitetônica que engloba elementos populares e tecnológicos e marca um caminho rumo ao futuro sustentável, que começa a dominar diversos setores empresariais.



Reynolds chama a ideia de bioarquitetura, pois tem como objetivo criar edifícios em sintonia com a natureza. As "earthships" são eficientes do ponto de vista energético e gastam pouco gás carbônico.

Pneus ou simples garrafas de vidro e plástico substituíram o tijolo neste novo tipo de proposta, que teve uma boa repercussão em países europeus, na Austrália e na América Latina.

UM TOQUE DE COR

É da América Latina, aliás, que vem outro dos precursores da arquitetura verde: o argentino Emilio Ambasz, ex-diretor do departamento de Arquitetura do Museu de Arte de Nova York (MOMA) e autor de obras como a "Casa do Retiro Espiritual", a 40 quilômetros de Sevilla, na Espanha, ou o Centro Internacional de Fukuoka, no Japão.

Em ambas, ele consegue unir a natureza e arquitetura proporcionando um toque verde para suas construções. Ambasz costuma dizer que se o homem atuar contra a natureza pagará um preço muito caro por isso.

Custo que algumas construtoras já estão tentando diminuir com a análise da quantidade de gases causadores do efeito estufa gerado por um imóvel e a busca de soluções, como a instalação de geradores de energia solar.

ECOLOGISMO HUMANITARIO

Nader Khalili, morto em 2008 e fundador do instituto "Earth Art and Arquitecture" (Carl-Earth), dedicado à pesquisa e desenvolvimento de uma arquitetura sustentável, encontrou sua inspiração no superadobe, uma técnica de construção típica do deserto.

Khalili criou um sistema baseado na aplicação de fileiras de sacos de terra estabilizada para melhorar sua resistência, e que dão origem a edificações peculiares, na maioria dos casos arredondada e em forma de iglu.

O arquiteto iraniano radicado nos Estados Unidos também empregou seus esforços para avançar em direção a modelos sustentáveis com fins humanitários. Khalili chegou a ser assessor da ONU e seu método foi aplicado em 1995 em acampamentos de refugiados em seu país natal e no Iraque.

Casa de Retiro Espiritual, criada em 1975 pelo argentino Emilio Ambasz. EFE/Michele Alassio

Na América Latina também existem iniciativas deste tipo, como a promovida há sete anos pelo boliviana Ingrid Vaca Diez, que criou o projeto "Casas de Garrafas", que utiliza desde dejetos até garrafas de vidro para construir lares ecológicos e que atendam aos mais necessitados.

Outro bom exemplo foi o Solar Decathlon Europe 2012, um concurso de arquitetura que propôs soluções energéticas para edifícios que unissem eficácia e sustentabilidade junto à originalidade das propostas.
Seja como for, o futuro da arquitetura está sendo debatido em termos de adequação e simbiose com as novas técnicas verdes, que ajudam a encontrar um caminho em direção a um futuro mais sustentável. EFE

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